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quarta-feira, 24 de março de 2010

O clima ds oceanos

Lisboa — Desde a grande libertação de gás metano, há 55 milhões de anos atrás, que os oceanos não experienciavam um processo de acidificação tão rápido como actualmente. Esta conclusão faz parte de um estudo distribuído na cimeira climática de Copenhaga, pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), associada às Nações Unidas.



O estudo “Acidificação dos Oceanos - os factos”, distribuído aos participantes das negociações sobre o clima, foi assinado por mais de 100 cientistas de mais de 27 instituições de pesquisa marinha europeias e expõe uma realidade alarmante: a acidificação dos mares cresceu em 30% desde o início da Revolução Industrial e, mantidos os índices actuais das emissões de CO2, a acidez dos oceanos pode aumentar em 120% até 2060, pondo em risco uma das maiores fontes de alimento do planeta.



Oceanos: vítimas do aquecimento global

A aceleração da acidificação dos oceanos é sustentada como uma consequência directa da absorção de níveis cada vez mais elevados de CO2. Para Dan Laffoley, editor-chefe do relatório e um dos directores do IUCN, o “processo de acidificação dos oceanos pode ser melhor descrito como o irmão gémeo maléfico do aquecimento global”.



Dado que a acidificação dos oceanos é um evento mensurável e de fácil identificação, o estudo pretende desarmar os cépticos do aquecimento global e reforçar a importância dos oceanos no processo de negociações sobre clima.



Os oceanos sempre foram responsáveis pela absorção de grande parte do CO2 existente na atmosfera. No entanto, o boom de emissões que tomou lugar nas últimas décadas e a absorção de quantidades excessivas deste elemento, estão não só a comprometer a capacidade dos oceanos de absorver CO2 no futuro, como também a contribuir para a decadência da biodiversidade marinha.



Salvar os oceanos!

Apesar das previsões catastróficas para a vida dos oceanos, consequentes do processo de acidificação acelerado actual, as práticas destrutivas de pesca e a sobrepesca continuam a ser reconhecidas como a maior ameaça à biodiversidade dos ecossistemas marinhos globais.



Portugal é uma nação de pesca por excelência e está numa posição privilegiada para assumir liderança na preservação e exploração sustentável dos oceanos do Planeta. A Greenpeace está em Portugal a fazer campanha para que as grandes superfícies, responsáveis por 70% do peixe que se vende em Portugal, assumam um papel relevante na protecção dos oceanos.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Os golfinhos devem ser estimados


Não se devem matar os golfinhos, porque as estimativas variam no que respeita à gravidade do problema da captura colateral na pesca. Os últimos relatórios indiciam que cerca de oito por cento do total global das capturas é rejeitado, mas estimativas anteriores apontavam esse numero de peixe desperdiçado como sendo um quarto do total. Simplesmente, ninguém sabe qual é a dimensão real do problema. A captura acidental, ou captura colateral de mamíferos, aves marinhas, tartarugas, tubarões e várias outras espécies durante a pesca, é reconhecida como um problema grave em grande parte do mundo. Esta figura abarca tanto espécies que não são visadas pela pesca como peixes que não podem ser desembarcados, por exemplo, por serem de tamanho inferior ao legalmente estabelecido. Resumindo, há entre 6,8 e 27 milhões de toneladas de peixe que podem estar a ser desperdiçadas todos os anos, o que reflecte a enorme inexactidão nos dados relativos a este importante problema.



A dimensão desta mortalidade é tal, que a captura colateral em algumas zonas de pesca pode vir a afectar a estrutura e o funcionamento dos sistemas marinhos ao nível da população, da comunidade e do ecossistema. A captura colateral na pesca é profusamente reconhecida como um dos mais graves impactos ambientais das pescas comerciais modernas.


As vítimas


Diferentes tipos de práticas de pesca resultam em diferentes animais/espécies mortos em resultado de captura colateral na pesca: as redes matam golfinhos, atuns e baleias, a pesca de palangre mata aves, e a pesca de arrasto devasta os ecossistemas marinhos.


Estima-se que cerca de 100 milhões de tubarões e mantas sejam apanhados e rejeitados todos os anos. As campanhas de pesca de atum, que no passado tinham níveis elevados de captura colateral de golfinhos, são ainda responsáveis pela morte de muitos tubarões. Cerca de 300.000 cetáceos (baleias, golfinhos e atuns) são igualmente mortos como captura colateral todos os anos, dado que são incapazes de escapar quando apanhados nas redes.


Os pássaros que mergulham em busca do isco instalado nas linhas da pesca de palangre, engolem-no (incluindo o anzol) e são puxados para o fundo do mar e afogados. Cerca de 100.000 albatrozes são mortos todos os anos pelas campanhas de pesca de palangre, o que leva muitas espécies a extinção.


A pesca de arrasto é um modo destrutivo de explorar o leito oceânico “a céu aberto”, colhendo as espécies que aí residem. Para além das espécies-alvo de peixe, esta arte de pesca captura igualmente muitos animais sem atractivos comerciais, como estrelas-do-mar e esponjas. Uma única passagem de um arrastão remove até 20 por cento da fauna e flora do fundo do mar. As campanhas de pesca com os maiores níveis de captura colateral são as da pesca do camarão: mais de 80 por cento de cada captura pode consistir em espécies marinhas diferentes do camarão que é o objectivo.


Tecnologia


Existem muitas soluções técnicas para reduzir a captura acidental na pesca. São usados aparelhos para a rejeição de tartarugas em algumas campanhas de pesca do camarão, para evitar matar esses animais. No caso da pesca de palangre, o processo de colocação dos anzóis pode ser alterado e podem ser empregues aparelhos para assustar os pássaros, que diminuem radicalmente os números desses animais mortos. Para evitar que os golfinhos sejam apanhados nas redes, podem ser usados outros aparelhos. As balizas “pinger”, por exemplo, são pequenos aparelhos fixados às redes de emissão de som e de dissuasão dos golfinhos, mas nem sempre são eficazes. Também se usam janelas de emergência (que consistem numa grelha metálica larga que impele os cetáceos para cima e para fora da rede).


Embora todos estes aparelhos possam ter um papel a desempenhar, não podem resolver integralmente o problema. São aparelhos que precisam de monitorização constante para verificar o seu funcionamento e avaliar quaisquer potenciais efeitos negativos que possam ter. De forma realista, só serão provavelmente usados em áreas com instituições de gestão e fiscalização de pescas muito desenvolvidas.


A nível global, provavelmente o único modo eficaz de lidar com os problemas da captura colateral será o controlo da actividade pesqueira. Isso pode ser alcançado superiormente através da criação de reservas marinhas. Contudo, no caso de espécies com alto grau de mobilidade como as aves marinhas e os cetáceos, o único modo eficaz de evitar a captura acidental na pesca é suspender o uso de métodos de pesca particularmente prejudiciais.